sexta-feira, 8 de abril de 2016

O que para outros é irracional, para nós é o que mais significa.


Por vezes, ninguém compreenderá suas atitudes ou “decisões” e dá-lhes uma interpretação racional, exatamente por não se encontrarem na razão e, inserir-se onde em nós possui força incomensurável, personalíssima; onde apenas nós e talvez os mais íntimos poderão estar presentes — nossos anseios, pulsões e paixões.

“É cada situação que eu passo só pra ter que passar por você.”
Carlos Tenório
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Tisbe

domingo, 27 de março de 2016

Amantes



“...Espero-te como a flor desfalecida espera o raio de sol que deve aquecê-la, a gota de orvalho que pode animá-la, o hálito da brisa que vem bafejá-la. Porque para mim o único céu que hoje me sorri, são teus olhos; o calor que pode me fazer viver, é o do teu seio...” 

José de Alencar — Cinco Minutos, Ciranda Cultural, 2009, 1°Edição, VII parte, pág. 36.

quinta-feira, 24 de março de 2016

A derrota de muitos.



— O que o vencido fez?
— Pela falta de coragem, deixou de viver o que tanto lhe fazia bem. Cedeu, as vozes alheias das vontades plebéias.

Carlos Tenório

quarta-feira, 8 de julho de 2015

'As inconstâncias' ou 'Não há igualdade no real'

A Paçoca que tu saboreias é, neste minuto, algo amado; porém, caso tu comas dez Paçocas após aquelá primeira, pensando que as próximas te darão o mesmo prazer, verás que não é bem assim: a primeira Paçoca te transformou, e, a cada nova Paçoca, serás outro, e outro e outro...

Carlos Tenório

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Nietzsche e a problemática ambiental


   
   Certas 'razões' tornam-se populares ou melhor, 'verdades', não porque são melhores  que outras, mas pelo simples motivo de terem vencido. Nossa sociedade, baseada, primeiramente, em Platão, viu sua primeira forma de divisão entre homem e natureza quando se definiu os conceitos de: mundo sensível e mundo inteligível. Esse modelo de pensamento ganhou força com os judaicos-cristãos, que dividiram os homens em: matéria e alma, e não só isso, alegaram que os homens são feitos a imagem e semelhança de Deus, portanto o homem reina na terra, pois, acima dele, só há Deus; e todos os animais, todas as outras formas de vida, tem o papel exclusivo de servir ao homem. Sendo assim, já não fazemos parte da natureza, ficamos acima dela, dominando-a. Esta visão de mundo ganha sua forma concreta na Revolução Industrial, com seu modelo técnico e dicotomizado de ver as coisas, sobretudo as ciências.
   "A natureza é nosso quintal e podemos usufruir o quando quisermos", essa é a visão do antropólogo ou então podemos ouvir o naturalista dizendo: "a natureza é harmônica, equilibrada, e o ser humano a destrói"; fica claro que, ambos não inserem o ser humano como parte da natureza, mais uma vez o separam, dicotomizam, põe o homem em um pedestal.
   Mas e Nietzsche, o que tem haver? Diretamente, talvez não muito, todavia suas críticas à separação do homem e natureza, a crítica da valorização do ideal em detrimento do real, "a negação da terra em nome dos céus", a negação das paixões, das pulsões e desejos; sua filosofia poderá ser adaptada em favor das questões ambientais, uma vez que as problemáticas vividas hoje possuem direta ligação com nossa cultura e valores morais. Frederich se opôs ao pensamento da época, e mesmo depois de um século, suas ideias não caducaram, pois o modelo organizacional que hoje é apontada como não sustentável, tem as mesmas bases de um século atrás; alguns autores começam a perceber a importância de seus aforismos, como Carlos Walter Porto Gonçalves em "Os (des)caminhos do meio ambiente", (em breve farei uma resenha deste livro), que é notável a presença do questionamento Nietzscheano, a filosofia de desconstrução, ou, como o próprio Nietzsche denominou sua filosofia, a "filosofia do  martelo".

Carlos Tenório

terça-feira, 2 de junho de 2015

Jumbá e as muletas metafísicas

Fonte: Google Imagens.

  Entre as Sete Colinas um garoto flagrava-se corriqueiramente em devaneios filosóficos, seu nome era Zumbi, estava na maior parte do tempo à companhia de Jumbá, este tinha pensamentos mais idealistas que o amigo e, era comum haver choque entre suas ideias, todavia, a pureza da juventude ainda repousava em seus espíritos, o que lhes garantia a amizade.    Ambos filhos de pais religiosos, retos e disciplinados, exemplos de moralistas.

Sete Colinas, prelúdio do inverno de 2015.

-Jumbá, percebestes que a humanidade é manca? Fala Zumbi,  fazendo o amigo franzir as sobrancelhas e pergunta:
-Manca?
-E quase todos os homens usam muletas!!
Com tais palavras ditas, os galhos da macieira, que avançavam destemidos para o meio do lago, balançaram-se; o vento frio parecia ter adentrado à barriga de Jumbá.
-Não... Não, na verdade poucos a usam muletas ora! Do que estais falando meu amigo Zumbi?
- Poucos? Jumbá amigo meu, teus pais saem todos os domingos pela manhã dizendo que estão pesados, enfadados e precisam aliviar as dores, falam que não podem suportar a vida sozinhos, não é mesmo?
- Sim é verdade, Zumbi. Mas o que tem?
- Eles voltam mais leves?
- Mas é claro! Voltam com todo ânimo!! Disse Jumbá categórico.
- Sim, de fato a dor foi aliviada. Já parou de pensar o que eles trocam por essa "ausência" de dor?
- O que eles trocam?... Ora...hm... Ora trocam essa Terra mundana por um pedacinho no paraíso, trocam suas vontades por caminhos melhores. Dariam todas as suas riquezas se preciso for, mesmo tendo poucas (Neste momento Jumbá recorda da sua casa pobre e a ausência de comida em quantidade satisfatória, mas prossegue) porque sabem do seguinte: mesmo sofrendo nesta vida terão uma eternidade de bonança! Eles abdicam de muitas vontades e desejos pois a maioria não agradam a Deus. Entende?
- Hm... Zumbi refletiu, olhou o entorno do lago, uma maça as beiras da lâmina d'agua. O tipo de momento que merecia ter mais que um breve espaço no tempo, para Zumbi isso era belo e forte. Voltando ao assunto falou, com ar irônico:
- Sofrer na terra vale a pena, qual pessoa em sã consciência não trocaria míseros anos de sofrimento ou miséria total em terra por uma eternidade em um paraíso?
- Pois é e você não trocaria, Zumbi?
- Não.
- Falastes a pouco quão grande vantagem é seguir o Caminho? Por que não queres?
- É que me falta "juízo".
- Que seja então! Mas afinal, o que eles perdem, Zumbi? Quero saber, pois, a mim também sua teoria se refere.
- E não está claro, meu jovem amigo Jumbá? Pensei ter ouvido a resposta em tuas palavras.
Com um ar de irreverência Jumbá conclui a prosa:
- Zumbi andas sem juízo mesmo, começas pelos mancos, muletas e acabas com a negação do ideal para o homem; com medo de sofrer nesta vida.
  Zumbi, vendo o amigo como um fruto verde, espera que um dia ele amadureça; será um maduro fruto tardio?

Carlos Tenório

terça-feira, 19 de maio de 2015

Se imputar não é possível...

   
   A redução da maioridade penal vem sendo tratada como solução “milagrosa” para a criminalidade no Brasil. Na qual encarcerar é sinônimo de resolução. A ironia está nas autoridades que apoiam a aprovação de tal emenda, que além de ser um ato inconstitucional ao ser aceita irá eximi-los de suas responsabilidades sociais com os jovens marginalizados.
   É uma medida inconstitucional, porque os menores de 18 anos são inimputáveis e isto é um direito e garantia individual, portanto não podem ser abolidos. É o que diz a Constituição Federal no paragrafo quarto, inciso IV do art. 60. A garantia de não imputação do menor de 18 anos está presente no art. 228 da CF - “São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeito às normas da legislação especial”. Com isso considera-se a 228 como uma Cláusula Pétrea. 
    A jurisprudência entende que o artigo 228 é uma expansão do artigo 5º, portanto, não pode ser alterado (Cláusulas Pétreas não podem sofrer alteração, nem mesmo por meio de emenda). Logo, se houver alteração, haverá também inconstitucionalidade. 
É o entendimento de Araújo: (2001, p.32).
   “A interpretação sistemática leva a inclusão da regra do artigo 228 nos direitos e garantias individuais, como forma de proteção. E, como há capitulo próprio da criança e do adolescente, nada mais correto do que a regra estar inserida no seu capítulo especifico, embora se constitua em extensão das regras contidas no artigo quinto, objeto da imutabilidade. Não temos dúvida, portanto, que a regra do artigo 228 é extensão do artigo quinto. Entendemos que os direitos e garantias individuais fora do artigo quinto são petrificados porque são extensões interpretativas das matérias lá garantidas.”
     Outro ponto a ser observado é o de que dificilmente a imputabilidade terá efeito positivo, como já foi dito pelo desembargador Silva do Tribunal de Justiça de Santa Catarina: “A redução da imputabilidade penal para os 16 anos nada contribuiria para a prevenção e repressão da criminalidade, visto que o sistema dos adultos nada resolve. Ao Contrário, vem-se revelando produtor e reprodutor de delinquência e violência.” (SILVA, 2006, p.12).
Atualmente, o Estatuto da Criança e do Adolescente é o que prevê punição e reparo ao dano que o menor infrator causa a sociedade, o que ocorre é a não implantação de forma adequada da lei em vigência. Se imputar o menor não é possível, algo que poderia ter efeito positivo e com maior probabilidade de aceitação seria o aumento da pena para os aliciadores, por exemplo, pois quem financia os menores são, na maioria das vezes, os traficantes de ilícitos, estes vendo que não compensa o ingresso do menor no crime, logo irão rejeitar a ideia. 
Nosso país possui lei capaz de resolver grande parte das dificuldades existentes, o problema maior é cultural e não constitucional. Lutar pela redução da maioridade penal é além de um ato inconstitucional, um regresso e escape para o esquecimento de políticas publicas capazes de resgatar os jovens que estão à margem da sociedade. 

Carlos Tenório